terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Bolinhas de Gude X Valores!

Bolinhas de Gude x Valores

         Mês de setembro! A natureza emitindo um cenário de harmonia, aromas, flores e cores.
         O passaredo feliz, cantando aos quatro pontos cardeais.
         As laranjeiras exalando o perfume adocicado  de suas flores, convidando os colibris e beija-flores, a lhe colher o néctar.
         O céu de um azul límpido, cristalino e inspirador,  levando todos os seres a inebriarem-se do seu sorriso acolhedor e singular.
         A alegria se instaurando e tomando conta de cada ser do micro e macro universo.
         Dirigindo a atenção para a Escola EB. Pedro Silveira se percebe que todos os atores da educação, manifestam-se alegres, ativos, agitados, com vontade de transgredir a disciplina conteudista, que lhes é incutida, como sendo a ideal. Nota-se nitidamente que a primavera chegou, convidando a sair do ostracismo, no qual, o inverno havia enclausurado a todos, por seus dias e noites de frio cortante.
         Dona Maria, professora de Ciências e Educação Artística, está preocupada com seus alunos da 5ª série, pois, com o advento da primavera, com seus dias ensolarados, também enalteceu a vontade dos alunos a trazerem  suas latinhas de bolinhas de gude, para jogarem na hora do recreio.
         Mas as tais bolinhas de gude, começaram a trazer transtornos, durante as aulas.
         Ora as latas caíam, ora eram bolinhas de gude no chão, ora trocavam    entre si as bolinhas que tinham como pecas ( especiais), ora brigavam porque algum amigo mexia na latinha de bolinhas do vizinho de classe, cadeiras e carteiras eram arrastadas a cada  segundo, para ajuntarem as bolinhas caídas no chão.
         Era uma verdadeira bagunça, impossível de se ministrar aulas.
         A folia era constante, isso não contando com as inúmeras chamadas:
- Professora, olha o Pedro!
-Professora, não fui eu, foi o João!
-Professora, a Larissa tomou minhas bolinhas de gude preferidas!
         As aulas estavam ficando insuportáveis.
         Dona Maria, refletiu muito, e prometeu a si mesma, tomar uma atitude para acalmar o clima e poder ministrar suas aulas.
         Foi para casa e pensou em inúmeras alternativas, para negociar com seus alunos num diálogo aberto com perguntas, ideias, e trocas.
         No dia seguinte, voltou a aquelas salas de aula, com outro olhar e compreensão, para com as polêmicas bolinhas de gude, que não queriam ficar quietas em suas latas.
         Pediu aos alunos que fizessem um grande círculo, para conversarem e resolverem em parceria o assunto incômodo, em sala de aula.
         Dona Maria esclareceu-os sobre o tema a ser tratado, e pediu que cada um pensasse numa solução.
         Aproximadamente uns quinze alunos se pronunciaram, outros preferiram ouvir. Após ouvi-los, dona Maria, socializou sua opinião e junto com os alunos traçou algumas metas e objetivos.
         As metas diziam respeito à disciplina, atenção, aprendizagem e respeito em sala de aula.
         Ficou acordado, de bom grado, de que, todos os que possuíssem latas com bolinhas de gude, guardá-las-iam, durante as aulas, sobre a mesa da professora. Logo que batesse o sinal, para o término das aulas, poderiam recolhê-las e brincar na hora do recreio.
         Dona Maria, felicíssima com a concordância dos alunos, disse-lhes que haveria uma surpresa ao final de uma semana,  de aulas mediadas e assistidas com interesse e aprendizagem.
         Assim sendo, após uma semana de paz e intervenções positivas, os alunos cobraram de dona Maria, a surpresa.
         Esta não deixou por menos. Falou-lhes que na próxima aula de Educação Artística, iriam jogar bolinhas de gude, no pátio da escola, que ficava um pouco retirado das outras salas, evitando assim, o barulho para os outros alunos, que estavam em aulas naqueles momentos.

         E, finalmente chegou o tão esperado dia:
         Mas, antes de saírem para os jogos, dona Maria elencou alguns objetivos no quadro, dos quais os alunos ficaram cientes e compreendendo-os concordaram:
Objetivos traçados:
- Escolher os líderes, para formar as equipes de jogo,
- Respeito mútuo,
- Disciplina,
- Ajuda aos que não sabiam jogar corretamente,
- Saber escolher as equipes de acordo com as necessidades de aprendizagem,
- Saber ganhar e saber perder, sem causar discussão,
- Formar equipes de apoio, para os jogos e respectivamente aos colegas em sala de aula, quando se fizesse necessário, durante os momentos de aprendizagens,
- Saber manter a organização em sala de aula,
- Dizer-se e saber ouvir,
         Todos foram aos jogos, inclusive dona Maria, que participou com a ajuda dos mais entendidos de sua equipe.
         A aprendizagem foi grande e recíproca. Passaram momentos maravilhosos, durante os jogos e após também.
         Ao voltarem para sala de aula, ficou combinado de que na próxima aula fariam o feedback dos momentos vivenciados.
         E, foi riquíssima a rodada de conceitos expressados pelos alunos e professora. O melhor de todos, foi a confiança mútua.
         Para a surpresa de dona Maria, os alunos indisciplinados de antes, estavam orgulhosos e felizes, por poderem ensinar e ajudar os outros alunos, que até então, sabiam-se os mais inteligentes.
         Desde este dia em diante, as aulas foram muito proveitosas e a mediação dos conteúdos, bastante significativa e prazerosa.

         Os valores enalteceram-se, sendo vistos e sentidos de forma  clara e objetiva por todos.
         Que saudades das 5ª séries!
         Quanto conhecimento, ali produzido e compartilhado!



“Quem projeta as suas ações em bases sólidas,
edifica construções de conhecimento, em que se
vivenciam aprendizagens, com valores
significativos e prazerosos.

(Margarida Lorena Zago)



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